And now who will insure the lives of insurance company CEOs?
And who will ensure that the masks don't pose a mortal danger?
Not so long ago, I wouldn't have written so lightly about a murder, even if the murdered person was a known scoundrel. Death, it seems to me, is not a subject worth joking about. Not even the death of someone who played with the lives of his fellow human beings.
Now, however, we live in times when cruelty has become commonplace. In a way, it's become impossible not to taste the bitterness in the first sip of my morning coffee. After the initial shock of watching the video of the summary execution of the CEO of UnitedHealthcare, Brian Thompson, as I learned more about his dark history, I noticed some caricatured facts, to say the least.
The first, deeply sarcastic question was: 'Now, who's going to take out life insurance on the CEOs of life insurance companies?' Soon after, I imagined that it could well be that Thompson had taken out life insurance, since according to his wife he has received several death threats over the years.
The next 3 questions then were: 'Will the insurance company where he eventually took out his life insurance contest his murder? (D for Deny)'. Will it at least investigate for as long as possible to delay payment? (D for Delay), will it finally take the case to court? (D for Depose).
The inhumanity of insurance companies in the US is proverbial, which is why I wasn't surprised that so many American citizens hailed the killer as a hero. Not a few even called for more executions, in that baleful business that treats its customers as net contributors to its coffers.
We European citizens - even in countries that aren't rich, such as Portugal - who still have a universal and free National Health Service (increasingly depleted and under constant attack from insurance companies and their political allies) but which still exists, can only imagine how many families have not been ruined or totally destroyed either because they couldn't afford insurance or because they paid obscene amounts of money to insurance companies only to be left to die or go bankrupt.
So it's not so strange that people who are certainly decent are rejoicing at this case of 'justice in their own hands' by a mysterious man who acted with surprising ease and cold blood, as if he were carrying out a banal, everyday act.
As an added detail, the masked man wandered around a wealthy area of Manhattan before the act without anyone questioning him because... someone had normalized the masks. And among those who played a strong role in this was -guess what- the murdered man himself.
And once the act had been carried out, so well prepared that each shell of each assassin's bullet had engraved that trinity of words beginning with a D: Deny, Delay, Depose drove away on an electric scooter, an environmentally friendly vehicle that is ideal for escaping persecution on the congested streets of New York. Sometimes life supplants fiction, it seems.
(…)
E agora quem segurará a vida dos CEOs das seguradoras?
E quem assegurará que as máscaras não representam um perigo mortal?
Em tempos não tão remotos assim, eu não escreveria de forma tão ligeira sobre um assassinato, mesmo sendo o assassinado um reconhecido canalha. A morte, parecia-me não é um assunto que merecesse brincadeira. Nem mesmo a morte de quem tanto brincou com a vida dos seus semelhantes.
Agora porém vivemos em tempos da banalização da crueldade. De certa forma tornou-se impossível não lhe tomar o amargo gosto no primeiro gole do café da manhã. Passado o choque inicial de assistir ao vídeo da execução sumária do CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson, à medida que me inteirava de seu sombrio historial, fui notando alguns factos caricatos, para dizer o mínimo.
A primeira questão, profundamente sarcástica foi: ‘e agora, quem fará seguros de vida aos CEO das seguradoras de vida?’ Logo depois, imaginei que podia bem acontecer que Thompson tivesse feito um seguro de vida, já que segundo sua esposa ele foi recebendo várias ameaças de morte ao longo dos anos.
As 3 questões seguintes então foram: ‘ a seguradora onde ele eventualmente fez seu seguro de vida irá contestar seu assassinato? (D de Deny ou Negação)’. Irá, pelo menos investigar ao longo de tanto tempo quanto possível para retardar o pagamento? (D de Delay ou adiamento), irá, por fim, levar o caso a tribunal? (D de Depose, ou depoimento).
A desumanidade das seguradoras nos EUA é proverbial e por isso não estranhei que tantos cidadãos americanos tenham saudado o assassino como um herói. Não poucos pediram mesmo mais execuções, naquele negócio funesto que trata seus clientes como contribuintes líquidos para seus cofres.
Nós, os cidadãos europeus - mesmo de países que não são ricos como é o caso de Portugal - que ainda vamos tendo um Serviço Nacional de Saúde universal e gratuito (cada vez mais depauperado e sob constante ataque das seguradoras e seus aliados políticos) mas ainda assim existente, podemos apenas imaginar quantas famílias não ficaram arruinadas ou totalmente destruídas ou por não terem dinheiro para seguros ou por terem pago quantias obscenas às seguradoras para depois serem abandonados para morrer ou falir.
Portanto não será assim tão estranho que pessoas que são certamente decentes rejubilem com este caso de ‘justiça pelas próprias mãos’ pela parte de um homem misterioso que agiu com surpreendente à vontade e sangue frio, como se estivesse a executar um acto banal e quotidiano.
Pormenores adicionais, o mascarado vagueou antes do acto por uma área rica de Manhattan sem que ninguém o tivesse interpelado porque… alguém normalizou as máscaras. E entre os que tiveram forte papel nisso estava -adivinhem- o próprio assassinado.
E uma vez consumado o acto, tão bem preparado que cada invólucro de cada bala assassina tinha gravado essa trindade de palavras iniciadas por um D: Deny, Delay, Depose, afastou-se numa scooter eléctrica, um veículo ecológico e ideal para escapar às perseguições nas ruas congestionadas de Nova York. Às vezes a vida suplanta a ficção, ao que parece.
Vai haver por aí muito escriba (ou escritor, vá lá) a sentir-se frustrado por não ter escrito o guião desta história... verdadeira! 😏